"A noite podia ter sido de qualquer forma, mas eu me sinto pronto agora. Quero fechar essa boca que só reclama e inventa desculpas, quero prosseguir a jornada. Chego a me encurralar na luz cada vez mais forte da sala. Penso: Não culpe ninguém, Ed. Aceita na boa. Vou até a varanda e percebo minha própria visão limitada do mundo. Quero pegar este mundo, e pela primeira vez tenho a sensação de que posso fazer isso. Sovrevivi a tudo até agora. Ainda estou aqui, firme e forte. Tudo bem, vai, eu sei que é uma varanda toda fodida, caindo aos pedaços, e quem sou eu pra dizer que o mundo não é o mesmo? Mas Deus sabe que o mundo exige muito da gente"
(Eu sou o mensageiro - Markus Zusak, p. 115)
Adorei essa frase, na verdade, acho que vou me apaixonar por esse autor. Ele é o mesmo cara que escreveu "A menina que roubava livros", um livro trágico e belíssimo... Esse aí, bem eu tô quase na metade... Comecei ontem... E gente o livro é hilário... Eu adorei o Ed, ele tá vivendo que nem eu e Dani, que nem nós, sei lá, fudido e lascado, se metendo em frias e tentando descobrir o que porra vai fazer da vida, e o melhor de tudo é que ele usa esses mesmos termos que eu. Logo, estou me acabando de rir com o jeito louco dele zonar de si próprio. Que nem eu.
Tipo, essa semana, bem eu fiquei irada quarta-feira e juro que eu queria explodir qualquer coisa que tivesse ao meu alcance... meu pai, pra variar... ontem, passei o dia sem cabeça e deu tudo errado e eu e Jane chegamos a conclusão que devia ser algum fantasma do azar que tava na sala de coordenação, que ela também disse que deu tudo errado pra ela. Meu pendrive quebrou, passei o dia com vontade de chorar, minha psi me fez chorar bastante, mas nem assim adiantou, eu tava mt puta e, toda vez que isso acontece, eu repenso tudo novamente... Eu tava bem... Eu tava animada e com energia... Aí, ele mais uma vez consegue vim e estragar tudo... Graças a Deus, meu Popeye estava na net, na quarta feira, e enquanto eu tentatava terminar o que eu tinha de fazer, ou esfriar a cabeça, ele ficou me distraindo fazendo caretas e brincando comigo... o que me lembra, como é q eu me meto nessas frias?
Voltando... Eu repenso tudo, porque fico vendo tudo o que deu errado e tudo que dá errado e deixa de ser feito toda vez que ele bebe, o quanto não se vive, porque ele não quer viver e acha que tem que carregar todo mundo com ele. Meu pai é assim... o de Dani, na minha opinião, também as vezes... Pais... O de mais alguém é assim? Ter cíumes do sucesso do filho é o cúmulo do absurdo, mas acontece...
E ao repensar eu volto a janeiro e porra, quando eu penso que parou de doer... volta tudo de novo... é um saco... eu já perdi um amigo por conta das loucuras do meu pai... eu não queria ter perdido outro... E aí, me contam, me pedem, paciência e que eu espere porque falta pouco tempo pra que eu possa ir embora... Mas eu me pergunto, será que eu não enlouqueço? Cinco meses ainda é muito muito tempo... Os dias não passam... As horas não passam... A dor não passa... E o peso... Seria cômico, se não fosse trágico... É ridículo...
"Quero explodir as grades
E voar
Não tenho pra onde ir
Mas não quero ficar"
Seis meses, cinco meses... passa tempo... tempo passa... arrasada... sentindo falta do que eu não poderia mais sentir... meu riso... minha doçura... um momento, uma música que eu não lembro o nome... E porra... Porque tudo tinha que acabar assim??
Beijos estalados sabor salgado de lágrimas pra vocês...
Ps.: Pelo menos chorar ainda me lembra que eu tenho coração... Não sou o homem de lata...
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